Entenda por que o Bitcoin (BTC) é alvo de ataques da mídia tradicional e dos governos – Parte 1

Você já deve ter ouvido falar através de jornais, da mídia em geral e até de governos que o Bitcoin (BTC), que é a mais antiga e conhecida das criptomoedas, é um “grande esquema de pirâmide financeira”, “lavagem de dinheiro para o crime organizado”, “bolha financeira” e, recentemente, a mais atual crítica seria que “atinge fortemente o meio ambiente”, por, supostamente, “gastar muita energia”. No entanto, se tem uma coisa que a história demonstrou, muitas vezes, é que somente a “árvore que dá fruto é a que recebe pedradas” e que, não raramente, o fato de que muita gente repetindo que o sol é verde, não o torna verde! Correto? Da mesma forma, temos que tomar cuidado com supostas “verdades absolutas” ditas por “autoridades” renomadas ou por jornalistas autodeclarados como “isentos” e acima de qualquer suspeita.

Assim, de forma simples, discorrerei sobre as causas por trás de tantas críticas e ataques, e você se surpreenderá com os fatos que não são divulgados da forma como deveriam e, portanto, tais negligências podem ser as motivações reais de uma campanha contra esse importante ativo descentralizado.

Mas antes… uma rapidíssima história do BTC

 

Antes de falar do cenário atual, ou seja, onde chegamos desde 2008, quando o Bitcoin começou, primeiro, dedico este capítulo para quem não conhece essa ferramenta tecnológica, sobretudo, o que é e como surgiu o Bitcoin.

O Bitcoin (BTC) surgiu a partir dos ideais aspirados de seu criador, ou talvez um conjunto deles, que tem o pseudônimo de Satoshi Nakamoto, até hoje desconhecida sua identidade real, que, estando indignado com as desastrosas interferências governamentais na economia e na má fé de atores e agentes do mercado financeiro que levaram à grande crise do subprime (2008), que culminou com a chamada ruptura da super “bolha imobiliária” estadunidense, ocasionando com uma enorme crise econômica, considerada, por muitos, a maior e mais grave, desde da histórica quebra da bolsa norte-americana de 1929.

Assim, em um memorial[1], Satoshi criticou esses fenômenos de interferência (pública e privada) e, com base nisso, decidiu criar um mecanismo que possibilitasse a qualquer um, sim, qualquer pessoa, alcançar a sonhada independência econômica e ideológica, por meio de um ativo que fosse livre de regulações e desmandos de autoridades governamentais ou setoriais, que, na maioria dos casos, como a história nos mostra, serem esses próprios agentes os principais causadores das crises que, posteriormente, prometem sanar.

Diante disso, o plano estava traçado, criar um programa computacional auditável por todos, que, ao mesmo tempo, fosse extremamente seguro contra ataques de governos e de terceiros mal intencionados e, ainda, que pudesse ser autossustentável e regido pela mão invisível do livre mercado e da liberdade individual. Nascia, então, em outubro de 2008, a mais engenhosa ferramenta descentralizada, livre de governos e agentes privados poderosos e com forte lastro de auditabilidade pública, o Bitcoin.

 

Portanto, em resumo, o Bitcoin (BTC) é um programa de computador de código aberto e auditável, que possui tecnologias incríveis que já existiam até então, como a chamada blockchain[2] (cadeia de blocos), que confere a lisura e a verificação, por qualquer um, de todas as transações já realizadas na Rede BTC. Além de tudo, possui também uma criptografia considerada bem segura, que permite que o conjunto de chaves, que servem para a transferência criptográfica das unidades de BTC, estas que podem ser guardadas ou enviadas livremente graças a essa criptografia relevante, que lhe garante confiabilidade em elevado nível. Melhor dizendo, o Blockchain “é o maior livro caixa de todos os tempos”, que qualquer um pode conferir, já que suas cópias ficam espalhadas até no espaço[1]. Já a criptografia, nada mais é do que basicamente a mesma tecnologia que protege a sua senha bancária, impedindo que terceiros a descubram. Só que no BTC sua configuração é muito mais eficaz, o que torna a Rede Satoshi praticamente impenetrável. Além de outras tecnologias, que não comentarei de forma profunda neste capítulo, como a “mineração”, responsável pela criação de satoshis (frações da unidade BTC) pelo sistema de prova de trabalho SHA-256 (POW), este que é a causa das críticas de “ambientalistas”, em decorrência da necessidade de seu gasto energético para rodar a Rede BTC. A denominação “mineração” veio muito a calhar, uma vez que funciona exatamente como a dinâmica de uma mineração tipicamente artesanal, garimpo de escavação ou de rio, em que mineiros cavam, aleatoriamente, até que um deles alcança o grande prêmio e encontra a pedra preciosa ou valiosíssimo mineral dourado. Da mesma forma, os mineradores de BTC colocam as máquinas para processarem e, assim, o primeiro que acertar no numeral certo e fechar o cálculo que finalizará o bloco, ganhará a sua recompensa, que são algumas unidades de BTC novas criadas pela Rede.

Acredito que a essa altura você já tenha uma boa ideia de como funciona o Bitcoin, não de forma profunda ou técnica, de maneira alguma, porém, ao menos, a principiologia prática e, hoje mesmo, se você quiser, com pouquíssimos reais ou mesmo qualquer outra moeda estatal ou por meio de outra criptomoeda, poderá trocar e adquirir satoshis (frações de uma unidade de BTC), recebendo uma chave privada (sua senha de acesso ao seu BTC), que só você deve saber (nunca compartilhe com pessoas não confiáveis!), já que o BTC em si fica registrado no Blockchain e quem tiver essa chave privada terá acesso total aos seus Satoshis. Assim, poderá receber esta chave de acesso de uma pessoa que esteja do outro lado do mundo, sem precisar saber nada sobre ela. Essa, que por sua vez, receberá do comprador de BTC o dinheiro ou mesmo outra criptomoeda em troca, ou, ainda, se preferir, poderá comprar seus BTCs por meio das exchanges[1], que são uma espécie de corretora, que funcionam como agentes intermediários que, basicamente unem compradores e vendedores.

 

Agora que você já entendeu o que é e como funciona o BTC, passaremos a falar mais dos motivos que levam o Bitcoin a ser alvo de tantos ataques e críticas por parte de alguns setores. Até mais!

 

Autor:

Elvis Davantel (Consultor jurídico nas áreas de tecnologia, como governança algorítmica, IA, proteção de dados pessoais e criptoativos)

Revisora:

Marisa B.R.C.Tietzmann (Consultora jurídica nas áreas de tributário, imobiliário, sucessões e trabalhista empresarial e fundadora do escritório jurídico Camargo Tietzmann e Davantel)

 

Contatos:

Site: www.advocaciactd.com.br

WhatsApp: 11 98994-4544

E-mail:  contato.juridicoctd@gmail.com

[1] Memorial descritivo atribuído ao pseudônimo Satoshi Nakamoto traduzido em português, fonte na Web: https://bitcoin.org/files/bitcoin-paper/bitcoin_pt_br.pdf, acesso dia 05/10/2022, SP, Brasil.

[2] Blockchain: “A blockchain é um registro público de transações Bitcoin em ordem cronológica. A blockchain é compartilhada entre todos os usuários do Bitcoin. Ela é usada para verificar a permanência de transações Bitcoin e impedir duplo gasto. Fonte na Web: https://bitcoin.org/pt_BR/vocabulario#bitcoin, acesso: 05/10/2022, às 22:31, SP, Brasil.

[3] Fonte na Web: < https://cointimes.com.br/dos-vulcoes-ao-espaco-mineradores-de-bitcoin-se-conectam-via-satelite/>, acesso às 11:23, SP, Brasil.2

[4] As Exchanges que funcionam como “corretoras”, que pessoas físicas ou jurídicas compram criptomoedas com transferências em moeda Fiat e até com o uso de cartão de crédito. Hoje bancos e corretoras de valores mobiliários também atuam como exchanges, realizando e vendendo criptoativos, mas atenção, as chaves simétricas do BTC, neste caso, ficam em posse da Exchange, o que significa que, na prática, terá que confiar que a empresa mantém, de fato, a custódia das criptos que você adquiriu, o que é objeto de muitas críticas daqueles que buscam maior liberdade e descentralização4

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